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Vacina da Pfizer e BioNTech exige uma rede de frio que é preciso começar a preparar

O gelo seco não existe ao virar da esquina, avisa o investigador e professor catedrático Pedro Viana Baptista.


© AFP

Por Gabriela Batista


O investigador Pedro Viana Baptista não ficou surpreendido quando foi anunciado que a vacina contra a Covid-19 que está a ser desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech terá de ser conservada a uma temperatura de -70 graus celsius. Afinal, esta é uma vacina inovadora muito diferente de todas as outras.

É uma vacina que tem como elemento o RNA, um ácido nucleico extremamente instável, que pode ser facilmente hidrolisado a temperaturas mais altas, ou seja, pode degradar-se.

As outras vacinas, explica o investigador e professor catedrático da área das ciências da vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade Nova de Lisboa, seguem um procedimento mais tradicional. Só necessitam de refrigeração entre os 4 e os 8 graus celsius, o que, do ponto de vista da logística, é uma vantagem.

O investigador explica à TSF que não quer dizer que a vacina tenha de estar a uma temperatura tão negativa no momento em que for administrada às pessoas. Pelo que se conhece, adianta, a vacina é estável durante algumas horas - 24 a 48 horas - exatamente para poder ser administrada às pessoas. Mas quer o armazenamento quer o transporte devem ser feitos a uma temperaturas de menos 70 ou menos 80 graus celsius, conclui.


"Não há gelo seco ao virar da esquina"

É no transporte desta vacina que reside o grande desafio. Pedro Viana Baptista afirma que "é um desafio para toda a comunidade, desde a indústria à distribuição."

"A cadeia de frio não está dimensionada para estas necessidades. As arcas a -80 não são um bem de primeira necessidade. A vacina pode ser transportada em gelo seco. No entanto, o gelo seco não é daquelas coisas que existam ao virar da esquina", sustenta.

"É uma questão de redimensionamento de gelo seco e das redes de frio", remata.


O que se conserva a -70 graus celsius?

A maior parte dos bancos biológicos e coleções biológicas estão a estas temperaturas assim como enzimas e proteínas.

Pedro Viana Baptista explica que esta temperatura tem duas vantagens. Permite o arrefecimento muito brusco em relação à temperatura ambiente e evita a formação de gelo, como acontece, por exemplo, quando colocamos uma garrafa com água no congelador. A água vai congelando lentamente, e a garrafa acaba por rebentar.

Neste caso, as proteínas e todas as moléculas acabam por ficar não deformadas. O arrefecimento é de tal forma que permite que o RNA seja estável durante mais tempo.


Extraído de TSF noticias, Portugal para os leitores do CCM, o Canal de Crissiumal.


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